segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Aprender a ser Mãe.


 Em um ano e pouco aprendi tanto.
como é possível uma criaturinha tão pequenina ensinar tanta coisa.
que o simples facto de agora ter alguém que depende de mim mudasse tudo.
aprendi que os interesses dela estão acima dos meus.
e não me venham cá com coisas que nós temos de estar em primeiro lugar e não sei mais o quê.
claro que não nos podemos esquecer de nós como mulheres e como pessoas e esposas e namoradas e amigas, etc.
mas o bem estar dela e a felicidade dela está sim, acima da minha.
aprendi que conseguimos sim. conseguimos ter tempo para tudo.
que um braço chega para limpar a casa.
que se pode fazer tudo depois de o bebé dormir.
que dormir também é dispensável. tal como comer ás vezes.


que o dinheiro estica.
que a saúde está em primeiro lugar.
que a paciência vem de sítios recônditos.
que a saudade é um sentimento avassalador.
que um abraço apertado no pescoço compensa tudo.
aprendi que também se pode ter vida depois de ter um filho.
a "vida social" não acaba, muda.
toda a gente (ou quase toda) entende que se vai chegar um bocadinho atrasados por causa do baby,
ou que vamos sair um bocadinho mais cedo porque ele tem de dormir.
e que se pode viajar e passear com eles atrás. e eles não vão ficar traumatizados por isso.
aprendi a calar-me e a não criticar mentalmente os outros pais nas suas decisões, porque, meu, é difícil. educar é difícil.
é difícil estabelecer aquele balanço entre a disciplina e carinho.
tentar não ser demasiado rija com ela, mas também não deixar que faça o que quer.
que não precisam de presentes, precisam que estejamos presentes.
aprendi que muitas vezes os melhores pediatras são as avós e as outras mães.
que não estou sozinha e que há muitas outras mulheres a passar pelo mesmo e a sentir o mesmo.
aprendi também que sou uma chorona. fogo, eu! logo eu que ria em comédias românticas e nunca me deu para chorar em casamentos, fico toda melosa com um beijinho babado da minha menina.
apanho-me montes de vezes feita parva a olhar para ela a fazer gracinhas ou a dançar ou a cantar e penso "é tão lindo o meu amor".
aprendi que é normal sentir-me um bocadinho perdida e insegura em relação ao que fazer.
que as soluções ás vezes aparecem sem estarmos á espera.
aprendi que o AMOR é uma coisa tão verdadeira e palpável como a água que bebemos.
que o amor que sentes por um filho é maior que tudo! "ah e tal não é maior é apenas diferente." Não! é mesmo maior.é tão grande que ás vezes me sinto assoberbada.
que é possível não sentir dor, que é possível manter a calma numa situação de desespero. tudo porque aquele ser tem de ser protegido e para isso tens de estar calma.
aprendi que sou uma loba quando toca á minha filha.
eu que sempre me estive a borrifar para o que diziam de mim ou me faziam, quando toca á minha filha aí a coisa pia diferente.
que não faz mal pedir ajuda, e que roupas dadas são uma bênção.
aprendi a ver as coisas de um prisma diferente. a alegria de andar pela primeira vez, de sentir o sabor do limão, de caminhar na areia, a primeira vez em tudo vivido novamente. é tão bom!
aprendi que apesar de eu detestar a kitty ela adora (vá-se lá saber porquê) e vai ter os gostos dela independente dos meus.
que a culpa pesa até por coisas que não sabemos bem se estamos erradas ou não.
que um ano passa a correr.
aprendi que também tenho medo.
tenho medo de tudo.
tornei-me um bocado medrosa, que coisa estranha.
eu que sempre fui tão "que se lixe", agora tenho de fazer um esforço enorme para não deixar que o medo tolde o meu raciocínio e espírito livre.
mas tenho medo.
medo que adoeça, que seja raptada, que seja infeliz, que seja ignorada, que cresça uma pessoa má, ou insegura, ou arrogante ou deprimida, ou revoltada.
tenho medo de a agarrar demais, e ás vezes tenho medo de não a estar a segura com força suficiente. medo de ela crescer rápido demais.
e a maior lição é mesmo aprender todos os dias a ser mãe.


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